Nos últimos anos, temos visto uma mudança profunda no cenário de pagamentos cross border - também chamados de pagamentos transfronteiriços - moldada por uma demanda crescente por agilidade e pela incursão disruptiva das fintechs.
As fronteiras financeiras estão sendo redefinidas, impulsionadas não apenas pela globalização das transações comerciais, mas também pelo perfil da Geração Z, marcada pelo desejo por experiências instantâneas e fluidas.
Os números do mercado cross border impressionam e confirmam sua importância. Segundo uma pesquisa conduzida pelo Bank of England, a estimativa é de que essas transações alcancem a marca de US$ 250 trilhões até o ano de 2027. Diante desse panorama, um número cada vez maior de empresas vislumbra nos pagamentos transfronteiriços uma oportunidade de expandir suas operações.
Uma parte crítica dessa transformação reside na ligação estratégica entre instituições financeiras e parceiros tecnológicos. Os maiores bancos reconhecem a importância desses aliados especializados para modernizar suas operações. Essas parcerias não apenas oferecem expertise em tecnologia, mas também aceleram o tempo de entrada no mercado e reduzem os custos, se comparados a iniciativas de desenvolvimento internas. As fintechs surgiram nesse ecossistema, ampliando as possibilidades de transferências eficientes.
A pandemia de Covid intensificou ainda mais esse movimento, gerando novas demandas às instituições, à medida que a força de trabalho adotou a modalidade home office e a conectividade global se tornou uma realidade cotidiana ainda mais ampla. Além disso, como sinalizei no início, não podemos nos esquecer da Geração Z e sua demanda por operações instantâneas. Por serem nativos digitais e estarem habituados à conectividade e ao imediatismo, as pessoas dessa geração querem tudo para ontem e rápido! Quando o assunto é consumo, a Geração Z é caracterizada também por seu apreço pela sustentabilidade, transparência e zelo com questões sociais, ambientais e políticas.
O nosso Banco Central desempenha um papel crucial na moldagem e no posicionamento do Brasil nesse cenário. A partir de movimentos recentes feitos pelo BC para fomentar e popularizar as transações cross border, instituições de pagamento ganharam mais espaço para operar globalmente. A perspectiva de um mercado mais amplo é inegável, porém, surgem novas camadas de responsabilidades em termos de regulação e conformidade.
Nesse contexto de transformação, a indústria de pagamentos precisa ter clareza do seu papel estratégico e atuar para que essa conexão global ganhe ainda mais tração. A partir de uma rede já formada, a Visa é uma das empresas do setor que desponta como uma ponte para esse novo mundo de operações financeiras.
Atualmente emissores podem implementar a opção multimoedas (multicurrency) que habilita liquidação em mais de 20 moedas diferentes, oferecendo aos portadores a sensação de “pagar como um local” quando realizar compras em suas viagens internacionais. Tal solução permite que emissores ofereçam opções para conversão de moedas, dando mais flexibilidade e transparência aos consumidores, que conseguem saber exatamente quanto possuem de dinheiro disponível em cada moeda.
O sistema financeiro global vive uma metamorfose positiva que tem tornado simples algumas operações que eram, até pouco tempo, inacessíveis para a maioria do público. Pequenos comerciantes podem negociar com clientes de diferentes partes do globo, pessoas comuns podem enviar recursos para familiares que estão em outros países, entre outros casos. A consolidação dessa visão do futuro envolve uma rede global interconectada, que reúna uma variedade de tecnologias e participantes, todos em busca de operações financeiras sem barreiras.
Autor: Fernando Amaral Vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil. Fonte: Canaltech
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